terça-feira, 19 de setembro de 2017

Reencontro


Vamos escrever 48h aqui... 48h após 48h de observação/maturação.... 48h que valem 2 anos....
Primeiramente? Uma loucura, retomar contato após anos com O cara que me formou e me deu um norte do que era esta minha vocação, de como era uma profissão. Neste momento, eu sabia que já tinha vivido tantas viradas – mas TANTAS – na minha vida pessoal e que a profissional estava querendo perder o rumo, eu senti o alerta e fui de novo na mesma fonte que me tirou de 6 anos de hiato por pura imaturidade – mesmo sendo eu idosa de alma, de nascença – eu sabia que sozinha, eu não iria além da página 20 e como todo mundo sabe – até ele – : eu sempre quis ir além.
Por que além? Primeiro ir além de mim, além de uma vida, além de uma história, tocar além dos que me cercam, poder me doar além, me doar mais, ir além dos meus limites, pensar além e fazer pensar além, fazer as pessoas conversarem além e até brigarem além, mas não queria ser indiferente nem que estivessem indiferentes ao meu redor, e, magicamente, aos 10, instintivamente eu me apaixonei, como se num truque de mágica ao sair de cena pela primeira vez, eu tivesse encontrado a missão da minha vida. Então, aos 21, depois de anos de teimosia e vamos colocar a palavrinha mágica que aprendi há pouco – maturar – eu fui atrás e encontrei a realidade de ser além da sonhadora, uma profissional com o grande mestre abominável Jeam Pierre. Me formei e todo um mar passou, ressacas, dias azuis, conquistas e o mais temido de todos os movimentos: a falta de...
Eu me desconectei com aquela parte de mim que eu só experimentei enquanto me formava pra me registrar profissionalmente, a linguagem que conheci ali na JP Talentos, aquela que desafiava diferente do teatro, que me dava uma adrenalina diferente, uma pulsação de outro gênero...
E eis que com uma boa dose de intuição e conspiração do universo se abriu esta nova oportunidade, estas 48h... mas foi além dessas 48h, porque aconteceu todo um processo comigo desde o estalo de ir atrás, a preparação, vários micro-objetivos que fui alcançando – como gravar de novo e descobrir que instintivamente, eu tinha maturado, FINALMENTE entendido o que era a linguagem, finalmente não fui over, fui right HAHAHAHA – e o planejamento, até finalmente começar a viver as 48h propriamente ditas.
Quando eu falo em preparação, foi um processo à parte, onde eu dando vida ao meu próprio nome mais uma vez: renasci, me encontrei de uma maneira e em um momento, que eu sabia exatamente o que queria e trabalhei todas as ferramentas – TODAS – para me alinhar, abraçando esta oportunidade com toda a minha força.
Semanas de ensaio com direito a trilha sonora estratégica de preparação se passaram e chegou a hora, eu viajei... eu LITERALMENTE viajei.
Em 48h, eu embarquei numa jornada, onde fui expectadora de mim mesma, me perdi de mim mesma, caí em armadilhas que nunca imaginei que cairia – que eu mesma criei – e briguei comigo mesma e ainda estou tentando decifrar enquanto escrevo estas linhas. Magicamente, tudo que eu preparei, evaporou e eu zerei... nasci de novo? Renasci, como se estivesse pequena, frágil e completamente nua e chorando pra dentro, sem conseguir jogar pra fora. Fui chicoteada, nocauteada por mim mesma e minha mente sabotadora ou uma força maior, não sei... E eu renasci de novo, porque essa mesma força cuidou de mim, eu me senti cuidada por várias mãos muito sábias, no momento em que eu me senti mais vulnerável... e renasci de novo ao descobrir e redescobrir conhecimentos, ao ultrapassar o pânico de me expor vocalmente durante uma prática de técnica, ao mesmo em um turbilhão, entorpecida e perdida, eu consegui ouvir, ressignificar ouvir, ouvir outra pessoa, zerei a cabeça, me ausentei de pensamentos, renasci como uma folha em branco...
Eu renasci em palavras que mesmo cercada por dezenas de pessoas, pareciam ter sido pensadas e dirigidas pra mim, foi como se estivessem me espionado nas últimas semanas, e não no sentido de me assistirem, mas de estarem dentro da minha cabeça e confirmando tudo que eu estava sentindo e auto-dirigindo, o que queria – quero – minhas forças, que iria além, simplesmente porque QUERIA e dane-se o que eu tivesse que fazer pra chegar lá e o universo dava – e deu – sinais de que eu estava trilhando o caminho certo e eu segui confiante à frente, eu ouvi isso, eu senti isso e eu vivi isso!
Eu acreditei e me fiz de ímã até chegar nessas 48h, depois que elas chegaram, tive que renascer de novo, sim, de todas maneiras que eu acabei de dizer, e, mais uma vez, quando as palavras não pararam nesta quase narração de todo o processo que eu tinha vivido pra estar ali, elas me persuadiram do para quê eu estava ali e como eu ia continuar, fui estapeada, esbofeteada, deslumbrantemente nocauteada ao sentir que falhava... falhava?
Por mais que eu pudesse ter feito mais, além, diferente da minha parte, no que diz respeito até onde eu podia ir pra talvez chegar no resultado que eu desejava naquele momento, eu só iria até a página 20, não é? Além da 21, não era comigo...
Sim, a perfeccionista dentro de mim me diz que eu poderia ter feito assim ou assado, mas além dela, eu sei e eu sinto que fui cuidada, preservada, poupada... estava sem condições por razões que a minha própria razão desconhece e, muito provavelmente, eu poderia arruinar em outro desfecho e as consequências poderiam ser mais danosas para mim, não me fazer bem profissionalmente... pessoalmente...
É difícil, não é fácil realizar que às vezes, é melhor que não seja do que seja, porque não existe nada que aconteça ou deixe de acontecer que não seja pro nosso bem e eu ACREDITO que tudo que aconteceu, mesmo que estranhamente, foi dirigido e conduzido para o meu bem e é isso que me importa.
Eu definitivamente não saí sem saber o que fazer, não foi um ponto final, muito menos uma interrogação, estou tentando decidir entre reticências ou uma vírgula...
Delas, ou dela, das palavras que eu ouvi, eu tive o meu primeiro contato real com o coaching, este termo que todo mundo  usa, que parece fácil, mas não é e me fez renascer mais uma vez, porque me revelou talvez o segredo de um milhão de dólares, ou – abaixando o meu tom agudo de dramaticidade – da vida: de que você precisa tomar as rédeas, quem manda é você, não é mais ninguém, se você não se cuidar, você desaba, e foi aí a minha falha, mas foi importante falhar aí, pra saber que preciso redobrar a minha atenção e os meus cuidados comigo, sem olhos pros lados mais pra dentro de mim. Não existe sucesso em nenhum sentido se não estiver tudo muito bem aqui dentro.
Daqui de dentro parte o maior encanto de todos, o próprio sucesso, porque se estiver tudo em ordem, equilibrado, com a frequência devidamente sintonizada, você vira uma ímã e você vira um campo de força e você atrai e logo, você forma uma equipe ao seu redor e com você, que acredita no mesmo, em você e te leva além, indo além junto com você.
Eu ainda estou no primeiro passo e meio da jornada e ainda vou além, porque eu ACREDITO.
Queria abraçar todos os profissionais que estiveram comigo nessas 48h, abraçar forte e dizer que eles me fizeram renascer, me deram uma nova vida de consciência, me orientaram e agradecer por isso. Muito obrigada por cuidarem de mim e me colocarem num lugar que eu nunca poderia imaginar. – especialmente você, Jeam Pierre, o grande responsável por tudo, mais 2 anos, 2 anos em 2 dias....
Foi intenso, difícil de entender, de colocar em palavras, mas foi necessário e eu quis traduzir e deixar aqui registrado que foi inspirador, pra que não se perca toda essa imensidão, ressignificação...  
Deram mais de uma vida ao meu nome, a sabedoria de que essa é a minha alma, de tudo que eu faço e que é o que é capaz de me fazer ir pra frente, meu nome e sobrenome: renascer e ser intensa.

Agora, é maturar – melhor palavra dos últimos tempos do último final de semana – e dar mais meio passo, depois mais um passo... outro passo.... outro passo... outro passo... e andar. Andar, caminhar, antes de correr e ir além.


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

À Domingos Montagner, me confesso fã.


Faz um tempo, faz um bom tempo que eu não escrevo, mas a inspiração veio (dele), bateu em mim e eu resolvi me abrir.
Num primeiro olhar, quando passei pela primeira notícia achei que era só mais uma das tantas viradas da trama da novela das 21h, que era arte, mas não, era vida, era real. Depois do choque inicial, a revolta em comentar, fiquei numa torcida silenciosa pra que tudo terminasse bem e fosse só um grande (imenso) susto... mas não era. Quando soube das últimas notícias, eu não acreditei, desacreditei descordando e brigando até me jogarem a realidade na tela fria do computador de onde estava. E onde estava, fiquei em choque, ainda estou em choque. Passou um tempo e continuei incomodada, ferida, machucada e as frases começaram a brotar de uma oração (a segunda, pois a primeira eu já tinha realizado), tive a certeza que tinha que escrever e tinha que ser aqui, neste espaço, que é tão sagrado pra mim.
E dessa vez eu consigo resumir tudo que preciso dizer em uma única palavra: OBRIGADA, DOMINGOS MONTAGNER! MUITO OBRIGADA!!!! Sabe, por quê?  Por que você me inspirou, você me deu esperança, provando que talento dispensa e derruba todo um padrão de décadas, onde eu fui conduzida a acreditar que se eu não fosse capaz de atrair a indústria do entretenimento antes dos 20, seria uma completa fracassada, que não existe limite nem restrição, quando o talento existe e transborda, que é possível! Silenciosamente, sem me conhecer, você acendeu essa chama em mim e aposto que em tantos outros, mas eu, aqui no meu canto, na minha coxia, dentro de mim te aplaudia e vibrava, acreditava num futuro, tive fé, pude ver luz!
Vi luz, vi encanto cênico, vi todos os sonhos e ambições se realizarem com você:  as grandes novelas, os grandes papéis, o circo, sonhos secretos meus, seus, sua realidade! Secretamente, você era minha referência, um exemplo que eu sempre usava quando parecia faltar uma ponta de esperança, a luz: “Se o Domingos Montagner conseguiu...”
Você foi o porto seguro pro meu grande sonho de menina (e todos os outros secretos como eu já disse) e eu necessitava agradecer com todas essas palavras, colocar em palavras. Necessito também desejar que toda a luz que eu vi em você te acompanhe e além, que haja muito mais luz pra que você não se choque tanto quanto eu me choquei com tudo hoje. Foi violento, foi de repente, a morte é assim, súbita, trágica e traumatiza a gente, mas sabe o que eu aprendi com o maior contato que tive com ela? Quando de repente, eu vi ela ali na minha frente, eu entendi que ela choca, mas liberta e revira a gente, abre a gente pra pensar, refletir sobre o que realmente importa, que que realmente vale a pena, que que realmente é viver...
Liberdade, liberdade, tudo zera e tudo se renova. Eu não gosto de falar de morte e nessa única oportunidade que tive de falar pra ela, eu virei o jogo  para o renovar, transformar, renascer, porque disso eu entendo, disso eu sou feita, nasci assim e tenho vivido toda(s) a(s) minha(s) existência(s) assim: renascendo (este é o meu nome, literalmente).
Que você fique bem, renasça e renasça artista outra vez, que você fique bem!
Que todos que você ama, que a Camila fique bem. Eu não imagino como seja lutar pela vida assim, encarar a morte assim, mas tentem, procurem, persigam estar e ficar bem.
Belo, intenso, revelador e inspirador, você foi!

Meu abraço.
segunda-feira, 13 de julho de 2015

Completa sem ser: LIVRE!


Audição. Teste. Geralmente essas palavras me apavoram e se eu pudesse dizer que existe um lado ruim na profissão, é este! Ontem, em mais um dia de ensaio na Companhia, passei por uma audição interna. E foi de longe uma das melhores experiências que tive na minha carreira, junto com as apresentações internas que já tive a oportunidade e o prazer de apresentar, que pra mim foram um show à parte! Comigo, acontece isso: toda vez que apresento o que seja do musical principal da Companhia, quando participo do ensaio, seja lá do ano passado quando fui standing em gerais ou ontem compondo um ensaio de núcleo, é como palco pra mim, é palco pra mim!
Enfim, depois desse momento que foi tão incrível pra mim, me veio a tensão e a ansiedade de estar à prova, me colocar pra teste. Fácil, nunca é.... mas dessa vez, eu resolvi correr um risco maior: mudei meu script poucas horas antes de fazer a audição. Tive uma inspiração – o meu dia ontem foi literalmente inspirado, desde a manhã  e senti que devia fazer mudanças no que estava pretendendo apresentar e criei algo novo em cima do novo que já tinha inventado em cima do que já existia e estava usando – UFA! No fim, acabei usando muito do meu instinto – mais do que eu acho que já usei na minha vida – e improvisei – algo que me sinto bem e confortável fazendo – mas foi DIFERENTE, não sei se dou conta de colocar em palavras: eu estava consciente do que queria usar, mas me coloquei aberta, literalmente eu me permitir VIVER O MOMENTO, tecnicamente, eu não pensei em como marcar o que assumi de novo, não pensei na voz, só me concentrei em não me perder nas palavras novas – que não eram tão novas, eu já conhecia de cor mesmo sem ter trabalhado com elas – e ter uma intenção X. Eu improvisei consciente, fui consciente e fui instintiva.
Eu só queria ser e me mostrar presente, colocar o que eu pudesse ter de talento – eis a hora de me revelar se eu tinha mesmo um, porque não adianta ter quem diga, enquanto você mesmo não sente de verdade o que faz, não parece ter – foi mais uma oportunidade de me provar se tenho – e é uma conclusão que acho que nunca vou chegar e talvez a busca dela, perseguir ela seja o caminho e o verdadeiro objetivo, graça e delícia desse ofício, que não se define nunca, mas revela tudo de dentro pra fora e de fora pra dentro – e compensar o que faltaria e eu me revelar – eu me REVELEI pra mim de uma forma que não imaginava....
Mexeu comigo. E mexeu no melhor de todos os sentidos. Se tem algo que tenho certeza é que não disse uma palavra vazia – o que pra mim é lei – e nenhum movimento em vão – o que já é estratosfera – meu corpo trabalhou e se expressou em acordo, fui coerente, analisando tudo de fora agora e estou maravilhada de pensar que na hora ainda tinha a preocupação de não escorregar nas palavras que eu decidi usar de repente, vacilar no conhecido que era desconhecido cenicamente pra mim e conseguir desafiar pontos não tão fortes pra mim...
E eu me desafiei, atravessei fronteiras que nunca imaginei. Porque das novidades, a dança já é uma paixão antiga, cheia de vícios de uma aprendizagem nada ortodoxa – lambada e zouk direto no salão desde os 10/11 anos, beijo amigo da minha mãe com os CDs do Beto Barbosa debaixo do braço me flagrando em casa com as roupas da minha mãe, numa época em que uma blusa era um vestido no meu corpo, que decidiu que ia me ensinar a dançar e assim transformou meu mundo – o que me faz conflitar a aprender me colocar tecnicamente como se deve e CANTAR hein... cantar é o desafio da vida, aquilo que eu admiro as pessoas fazerem e que há pouquíssimo tempo venho me trabalhando a querer fazer um dia quem sabe e NÃO ERA algo que eu pretendia fazer na audição, e acabei fazendo porque senti que era pra fazer e fiz.
Essa liberdade e o que eu senti ontem, eu não sei nem colocar em palavras nem sei se eu vou conseguir dar conta de me fazer entender: dá pra dizer que fui livre mesmo, fiz arte mesmo que nem criança que vai se divertir e se diverte – até porque eu saí correndo, pulando e sorrindo, literalmente como uma  claro que teve um clima: eu ainda sim lá dentro estive nervosa, mas me senti solta no meio disso e do racional tentando equilibrar tudo.
A moral deve ser essa e eu gostaria muito que todos os testes da minha vida fossem assim e tudo que eu sinto agora é gratidão: MUITO OBRIGADA à todo mundo que eu já abracei ontem que já sabem, à Cia Grito como um todo oficialmente por me abraçar, me transformar e me desafiar, me completar!
Por causa de vocês – Grito – ontem eu descobri o que é ser livre e me permitir de verdade, me olhava e me via e o melhor: gostava do que via, me amei e senti que foi pra isso que nasci e como é bom poder sentir isso e todo o BEM que vocês me fizeram ontem, parece que todo um mundo caiu e outro se abriu!
Além da audição, muito antes dela ontem tive meus momentos de aprender a me trabalhar com o espelho e de ser MUITO FELIZ com ele. E se deu pra entender um pouco mais de como funciono, é mais ou menos assim: se eu tiver alguma personalidade pra assumir e tiver diante de alguém a mágica acontece... agora é ir atrás da segurança que só uma boa dose de técnica pode dar pra eu deixar de mascarar com o que sei fazer, aquilo que eu preciso fazer além da minha zona de conforto – pensando bem, eu  tinha descoberto isso, mas  ontem eu realizei e assumi pra mim....

Independente de tudo e qualquer coisa, OBRIGADA! Por tudo que experimentei, VIVI e eu só quero poder prolongar e multiplicar isso tudo, que este primeiro gostinho que senti ontem tenha bis, ganhe uma forma, propriedade e uma alma!
sábado, 2 de maio de 2015

A minha ANIMAL primeira vez de 8!


Primeiro dia de maio, um primeiro em muitos sentidos! Primeiro dia do trabalho em que efetivamente trabalho, primeiro dia de trabalho de um projeto em palco, porque mesmo sendo um show - pocket e encantado - nunca tinha ido em um. A primeira vez de 8. 8 Apresentações, 8 OPORTUNIDADES! A primeira depois de todas elas!
Hoje experimentei mudar de lado em um evento - a Feira da Esperança da APAE - que conheci através da Cia Grito​ sim, prestigiando o trabalho do meu galã Jamil Vigano​ - agora meu diretor, com muita honra - e passados 2 anos, cá estou eu mais um time de 11 em um elenco, subindo neste mesmo palco, onde antes eu só sabia estar do lado da platéia! Hoje os papéis se inverteram e eu senti que estava no lugar certo, definitivamente não poderia estar em outro lugar!
Quando na vida imaginaria que fazer um jacaré me traria tanta VIDA! Porque de fato, sou eu quem dá a vida à ele... só que não! É ele quem tem me dado VIDA! Ele me alimenta, a via é de mão dupla! Com ele, eu ganho além de um novo folego sob uma cordunda, a corcunda é um detalhe: eu tenho um novo folego e eu ganho muito carinho!
Hoje encontrei uma princesa, depois várias delas e superhomens, homens-aranha e uma miniatura de oncinha, todos dispostos a passar a mão no "meu" bico sem um pingo de medo, o mais puro amor! Tem como não se derreter?
E o jacaré se derreteu, eu me derreti! Senti que me superei, me senti viva, praticamente enlevada porque ser parte do "Animal Show" é muito maior e mais intenso que se pode imaginar!
Só consigo dizer: MUITO OBRIGADA Jamil, Leandro​ e toda a bicharada e equipe absurdamente profissional que me acompanha e da qual me orgulho muito em fazer parte!
Esta foi e é A oportunidade, meu presente, o maior de todos!
Com este meu mimo em forma de ofício, eu experimentei espaços sortidos para me apresentar, - me virar com todos eles e suas formas e tamanhos - pude me encontrar numa posição de ser coreografada pela primeira vez de verdade na vida e ganhei laboratório de preparação intensiva pra soltar o carão - que não é só uma boca aberta pro mundo, um sorriso vazio no ar: é a felicidade estampada e escancarada, a arma que se aponta para o público e quando puxamos o gatilho o resultado ainda é fazer feliz!
Aprendi a me safar, a sobreviver ao erro, e sublimar ele - tirar do foco e terminar sempre sentindo mais do que julgando... - aprendi a dar atenção ao público, que estar em cena vai além do tempo programado pro palco ou onde quer que você se apresente, montar e não desmontar mais, e montar e desmontar, estar, estar e ESTAR! SER! E eu fui carão, fui brinquedo vivo, fui menos, fui mais, fui jogo de cintura, fui emoção, fui amor, fui o BEM!
Por estas e outras razões, fui dormir mais completa que ontem... - e não é exatamente por isso que entrei na Companhia Grito de Teatro de Santa Catarina?!
Bati metas que não imaginava alcançar, fui mais longe do que poderia pensar, fora o recorde de maior número de apresentações com um projeto na vida, não sou mais a mesma, sou ANIMAL.... SHOOOOOOOOOOOOOOOOOW! o///
- e FINALMENTE consegui parar pra escrever ISSO pro mundo, estava devendo... ME devendo!

domingo, 18 de janeiro de 2015

Quase 1.0 #padrãoGrito


Dá pra acreditar?

E parece que foi ontem – sim, aqui pro blog foi... – que eu fiz a minha e estava comemorando a dita cuja! Pois é... muita água rolou debaixo da ponte – e bota água e bota ponte nisso...
Meu último ano correu, correu tanto que me escapou pelas mãos... no que se refere à Companhia – Cia Grito – foi um turbilhão imenso, a começar pelo musical que já estava em pré-produção, prestes a estrear, que eu tive a honra e o prazer de participar nos ensaios, aprender a ser standing – substituta, espécie de atriz-reserva – e o que é contrarregragem e produção de verdade... o significado de rodas, semi-rodas, de ir pro fogo, tudo....
Estar por trás das cortinas no Broadway – com o perdão do bom trocadilho me deu a dimensão real de como é estar dentro de um sonho – literalmente : ver tudo e não assistir nada, mas saber que em cada canto tinha um detalhe, a mão de mais de um alguém pra que acontecesse – inclusive a minha... 
Vai muito além de cabelo, maquiagem, cenário e adereços que devem entrar em cena, é toda uma organização desde cada pequeno objeto que vai entrar e não pode ser esquecido fora as estruturas que a gente vê.... vai muito além do que os olhos alcançam, você já imaginou na manutenção dos figurinos? Assim como nas botiques, eles são passadinhos na hora, porque não saem lisos da mala, não é mesmo? Tem quem precise de uma assessoria especial pra poder trocar de roupa umas trocentas vezes, simplesmente porque trocar de roupa em menos de 3 minutos vai um pouco além das nossas habilidades comuns, inclusive testar no cronômetro como fazer isso, também faz parte da produção de um bom espetáculo. 
Mínimos detalhes, tantos.... é como ver uma fábrica de sonhos funcionando e fabricando mesmo – sim, eu sei que essa é a famosa expressão que se usa pra Globo, Projac, mas quem disse que os sonhos são feitos só na TV? Ela tem o jeito dela de fazer e o palco também ;)
E como é maior que a gente, que eu e ao mesmo tempo cabe em cada gesto, cada coisinha mínima que se pode fazer que faz a diferença: como ajudar a secar alguém repleto de suor que precisa trocar de roupa urgente, descabelar a bailarina que precisa entrar em modo trash em cena e assim fazer parte dela mesmo sem estar..... – tão poético... romântico, né? 
No meio do caminho, me vi escalada para um projeto paralelo que traçaria a participação da Cia no “McDia Feliz”, nascia o Animal Show, o pocket encantado que abraçava a campanha e a causa do câncer infantil e que foi abraçado, porque o que eram pra ser 3 apresentações em 3 shoppings simultaneamente – sim, no MESMO DIA – virou 5, pois recebemos o convite para mais 2 shoppings, logo veio a proposta de um flashmob para divulgar a campanha e lá se foi a bicharada toda invadir o McDonalds!



5 shoppings em 1 dia... 5 SHOPPINGS EM 1 DIA.... quase nem eu acredito que fiz tudo isso e fiz.... e no meio disso tudo, ainda veio o convite pra fazer mais uma apresentação no dia das crianças do Hospital Infantil e mais a surpresa de ir parar no Aeroporto para mais uma apresentação-relâmpago no saguão!
E sabe quem eu fui? De todos os bichinhos, o menos provável, o que ninguém pensaria ou lembraria de cara e que ia tender mais a assustar as crianças.... – sim, as crianças, meu primeiro infantil! 


Jacaré, quem diria hein


Mas não é que no Hospital Infantil, eu encontrei um mini-fã de Jacaré? Pra ver como as aparências enganam e se houver a intenção certa combinada com a energia certa, tudo se ajeita! Com carinho tudo se arranja e foi o CARINHO e a ENERGIA DO AMOR, que norteou esse projeto, criação de ninguém mais ninguém menos que Jamil Vigano, direção dele e do Seu Leandro Batz, por isso que foi assim: além do ouro, de diamante à vera! Consegui em uma oportunidade só, matar duas vontades: matar minha curiosidade imensa em ser dirigida pelo meu braço direito e pelo Leandro, que eu já vinha namorando de observar no Broadway – o musical em pré-produção da Grito na época, agora em produção.... Mas enfim, não é por isso que ia ser fácil, deu UM trabalho: porque como criar um corpo de jacaré? Emitir um som de jacaré? Soar jacaré e não parecer um sapo refletido no espelho? Como não deixar o ornamento aparecer mais que o próprio rosto? Como sentir e se emocionar como animal, se animal que é animal não sente? – aí vai dose poética de criação....

Tiery (Thiery?) de 3 anos, o pequeno nada secreto admirador do Jacaré  http://ricmais.com.br/sc/ver-mais/videos/personagens-de-historias-em-quadrinhos-divertem-criancas-no-hospital-infantil-de-florianopolis/
Todas essas perguntas se encontram em todo processo de construção e preparação que tive junto com todo o elenco para construir esse encantado pocket show, para virar um jacaré, que se constrói e se desconstrói, que dança, que canta, que sorri mesmo quando está morrendo ou quase sem fôlego e que se mantém firme e forte mesmo quase perdendo a cabeça – aí literalmente... #falhanossa
Ah! E eu não posso deixar de dizer como foi exatamente no Hospital: eu me senti um brinquedo vivo e aí morou a magia do negócio pra mim, inclusive de não sucumbir, marejar os olhos com os pequenos doentes e diante dos quartos –  flores nas janelas dos quartos inacessíveis e pequenos shows exclusivos em outros  corredores – me fazendo de estátua diante de uma menina e deixar ela sentir o gosto do poder de me descongelar com os olhos brilhando, dançar-virar estátua com "Eu me remexo muito" parando a recepção da emergência –  e ainda conseguir sentir que aliviamos a tensão do rosto de algumas mães e arrancar sorrisos delas e de alguns pequenos foi um presente que não se encontra em loja nenhuma, que não cabe em nenhuma caixa, do tipo que invade a gente por dentro, aquece o coração e faz a alma vibrar! 
Eu realizei um sonho, sonhos: fui além de sessões no plural, maratona, flashmob, todos foram importantes, cada um tão especial e lindo de viver, mas essa experiência de ir ao Hospital me realizou algo que eu guardava bem no fundo e que não sabia quando ia poder realizar, mas a Grito me fez viver: MUITO OBRIGADA!
Carão, postura, jogo de cintura, disposição, energia e força pra encarar qualquer desafio, ultrapassar qualquer limite ou barreira, é isso que a Grito tatuou em mim... e em tempos de tatuagens por livre e espontânea pressão que ganhei, veio uma nova proposta de trabalho: 2 esquetes temáticas para um belo hotel fazenda numa cidade aqui pertinho, temas bem fáceis de fazer: as nacionalidades alemã e italiana – fácil foi só força de expressão viuuuu...
Imagina cantar em alemão? – só imagina MESMO... hahahahaha
Realiza a situação de memorizar uma música alemã em dias.... criar e pegar todo o espírito universal da coisa em pouquíssimas semanas? Incluindo histórias, falas, improvisos regados à interação, coreografias.... #padrãoGritonaveia
E assim, quando menos esperava me tornei uma Frida e uma autêntica Mama #madeinGrito e fiz minha primeira passagem de som no estilo batatinha quando nasce – UHUM – , o primeiro microfone que coloquei na vida e o impacto de ver o próprio reflexo com ele no espelho – tinha cochia de espelho por lá, coisa de outro mundo – de fato, é de outro mundo quando você se vê pela primeira vez com um headset encaixado e acoplado no rosto: você muda, parece maior, parece além de você, é como se desdobrar sem sair de si e ficar admirado e chocado... – eu confesso que fiquei entre os dois e sem acreditar no que estava vendo pra variar – não bastando também o peso de estar com a camisa da Companhia.... – outro sonho secreto cultivado por anos....
Quantos anos em praticamente 1 ano? Porque ele está se fechando sim em um, meu primeiro de Companhia. Longe de me sentir veterana, mais ou menos menos caloura, para sempre um peixe fora d’água e EM família, porque no fim, é nisso que a Companhia Grito se resume e define: uma nova família que te abraça, a segunda casa que te recebe e te transforma: me transformou....
Pude ir além, me sentir aquém, mas ir definitivamente além do que eu entendia por horizonte e limite... não é fácil resumir isso tudo, esse meu primeiro ano, aqui de uma vez – até porque parece que começou ontem e que se passou um século – mas vai ter que ser assim porque não tem outro jeito, ele já está terminando e recomeçando – seguindo a lógica dos anos, já viramos de... vou ficar devendo os mínimos detalhes, mas aqui está tudo que mais me marcou, que minha memória gravou, minhas tatuagens...
Estar dentro da Cia é de longe a experiência mais surreal e real: de longe ela é imensa, as pessoas são extraordinárias e você olha pra elas da plateia e de repente do seu lado e pensa “meu Deus, o que eu estou fazendo aqui?”, mas aí é que está: se você está no meio dessas pessoas, é porque você você é como elas, vocês tem algo em comum, só estão em graus de evolução profissional diferente. Não achem que eu sou extremamente evoluída porque acabei de dizer isso, pois racionalmente, aqui escrevendo, funciona, faz sentido, mas pessoalmente, na flor da pele dá vontade de sair correndo; mas junto da vontade de sair correndo, vem outra de fazer igual, que eu vou te contar! Você se auto-motiva, se inspira e se desafia a fazer como quem faz mais que você e isso é de um efeito muito efervescente, não demora muito!
Muito suor, muita lágrima, mas muita inspiração envolvida e tcharam: VOCÊ CRESCE! Eu posso dizer que cresci muito, mesmo que só de olhar e me sinto engatinhar e se eu cresci, você também pode, caso esteja interessado, curioso e deseje, vou te esperar pra dar os primeiros passinhos e espacates comigo! o/
domingo, 2 de março de 2014

#50 Como eu sonhei e ainda custo a acreditar!


Além da Joana, tem mais, muito mais que eu PRECISO CONFESSAR e vai ser agora na minha confissão número 50, que eu anuncio com modéstia e estardalhaço: daqui a 7 dias, exatamente no próximo dia como de hoje – no PRÓXIMO DOMINGO –  eu vou estar no meu PRIMEIRO ENSAIO NA COMPANHIA GRITO DE TEATRO DE SANTA CATARINA! 
Traduzindo: AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH, EU SOU DA GRITO!!!!!
– ACREDITAM?... eu nem tanto...
Como eu sonhei e até custei à acreditar.... – e quem disse que eu acredito que SOU DA GRITO?
Passaram dias e dias... e, mesmo assim, a ficha não compensa.... 2 anos – são 2 ANOS – me preparando psicologicamente, fisicamente, voltas e mais voltas cantando e ficando sem ar, tremendo e chorando pra cantar, exercícios e mais exercícios, aquecimentos e mais aquecimentos – meus vizinhos e minha rua que o digam.... –  tudo calculado premeditadamente pra isso... e cadê que eu acredito?
Que um sonho que começou despretensiosamente numa comemoração íntima “invadida” e que se instalou em mim assim que pude assistir The Best of Broadway, acabou de se realizar?
minipausa dramática + miniflashback
Era uma vez na época em que o Jamil e o Jull fizeram a audição para a Grito. Nesse dia, tínhamos marcado de nos reunir assim que acabasse e eles vieram ao meu encontro com a notícia de que os dois haviam passado, então partimos pra comemoração, tudo muito bom, muito bem, quando o improvável acontece: simplesmente o diretor da Companhia – Rodrigo Marques em pessoa – passa pela nossa mesa, reconhece os dois e SENTA CONOSCO. Dali por diante a noite ganhou contornos de contos de fadas, se envolveu de uma magia repentina e conversamos, conversamos, não nos separamos mais, até carona pra casa eu ganhei, além da proposta pra fazer a audição – que ainda teria no dia seguinte....
Mas como eu, que nunca tinha visto um musical na vida – até então – e não tinha o mínimo de preparo, ia me jogar assim... no escuro? Não podia... meu perfeccionismo me freou na hora, recusei delicadamente... – mas já estava mordida e nem sabia....

A prova do CRIME nº1
A prova do CRIME nº2

Meses passaram e o musical que eles estavam produzindo The Best Of Broadway – do qual já falei aqui não foi só uma vez.... vide retrospectiva 2012  enfim estreou e lá fui eu prestigiar obviamente, aproveitando pra ter minha primeira experiência com o universo musical e ME ENCANTEI!
Quis eu ter feito como a protagonista que levantou de uma das poltronas da platéia dizendo que era aquilo que ela queria pra ela e subiu ao palco se juntando ao espetáculo, aquele era meu desejo interior, sair da minha poltrona e me tornar parte do show.... eu me vi naquele figurino, com aquela caracterização inteira – cabelo, maquiagem – EU ME VI ALI!
Saí de lá com um brilho novo tão incrível, que chamou atenção de uma conhecida que encontrei por acaso quando voltava pra casa, tanto que ela fez questão de me elogiar, dizendo que eu estava mais bela sem saber dizer o que era, com um brilho diferente – era o efeito The Best em mim.
Depois daquela noite, eu sabia que era aquilo que eu queria, se tornou minha maior ambição – mesmo que eu não fosse atriz de musical, não tivesse desde pequenininha mergulhada no universo dos musicais, nem fosse cantora, muito menos bailarina, no máximo uma dançarina de Zouk amadora bem entusiasmada além de atriz de dramaturgia comum – e eu fui me condicionando pra isso, todos os treinos, preparações, tudo que eu fiz foi com esse objetivo.
Cheguei a abortar a ideia por insegurança, motivos pessoais de altíssima relevância e gravidade, mas eu NUNCA DESISTI e diante dos imprevistos, tracei a meta: antes dos 30, eu entro na Grito. – duvida? Pergunta pro Jamil Vigano!
O tempo passou, me veio Marroco, Lucicreide, Joana e no meio do turbilhão todo dela e das duas noites de apresentação que ainda estavam por vir, eu decidi dar o primeiro passo e finalmente tentar pela primeira vez a audição.  – porque se dei conta de Joana com todos os impedimentos, eu podia administrar o que fosse nessa vida. 
E eu fui, me dividi, quase pirei, mas consegui criar nos detalhes algo apresentável em cima da proposta de cena que me deram e arrisquei em cima de um gênero completamente oposto ao que estava trabalhando, avesso da Joana.
TREMI. TREMI. TREMI. Saí sem saber o que esperar.... e.... antes de sair do camarim pra partir pra minha marca e fazer a abertura dos três sinais da primeira noite de apresentação da Gota, eu peguei meu celular pela última vez, para olhar as mensagens na expectativa de ler "MERDA" e li “BEM VINDA À FAMÍLIA GRITO”, mal pude respirar nem pensar, guardei o celular e não me demorei muito a sair....
Fui pro foco e lá fiquei incrédula, perdida, feliz.... e perdida e incrédula.... – COMO PODIA?
Tão surreal, tão surreal.... me agarrei naquilo firme como se fosse o último, pensando bem, o primeiro fôlego, porque me sentia nascendo de novo....
EU SOU DA GRITO.... 
EU SOU ATRIZ DA GRITO...
Ecoava na minha cabeça.... me dava forças.... mas depois de passadas as primeiras impressões, minha concentração e ambas as apresentações de Joana, me bateu uma sensação de incredulidade absurda: eu não consigo acreditar, por mais que olhe várias vezes meu nome na lista de aprovados nem que veja e reveja mil vezes os melhores momentos do The Best – vide abaixo – eu não acredito que possa fazer parte daquilo, parece tão maior que eu.... 


Assisto e dou play e mais play e mais play e me arrepio, começo a suar, é coisa de outro mundo.... é outro UNIVERSO!
E ao mesmo tempo, é um êxtase, um orgulho tão grande que mal cabe no meu peito, me sinto uma criança prestes a entrar numa nova escola, num novo mundo.... um bebê diante do vermelho, hipnotizada!
É demais acreditar que eu conquistei tanto assim em tão pouco tempo: Joana foi meu primeiro papel em cima de um palco depois do meu registro profissional, JOANA, aquela da Bibi.... – sem esquecer da Lucicreide, que mora no meu coração e de fato foi meu primeiro papel pós-DRT, mas não me deixou passar do saguão do TAC, né... – depois isso? Enfrento a audição da Grito e passo de primeira? COMO ASSIM? Nada que eu concorri na vida, consegui passar assim, como pode, produção? 
Eu nem acreditava que tinha feito o suficiente, tremendo mais do que tremi na estreia com a Joana – a mesma perna direita, só que de repente virada num vibrador... literalmente.... 
Ai.... ai.... o que pensar? Tremor, adrenalina à parte, devo ter sido cabeluda o suficiente.... só pode ser... – e só quem estava na banca, vai entender agora.... eis a minha primeira piada interna padrão Grito, #orgulho!
Agora é tentar não tremer lá.... será que eu consigo? – é nessas horas que me sinto pequena, praticamente microscópica, independente do que já fiz e conquistei, foi exatamente assim que me senti na audição, é como se zerasse o jogo, a vida e fosse começar tudo de novo... e vai.... 
Cruzem os dedos junto comigo, porque foi dada a largada – inicialmente de extrema ansiedade até domingo que vem – que me tornará de fato uma ARTISTA COMPLETA.

...
E esse excesso de capslock? É o efeito GRITO em mim!

sábado, 1 de março de 2014

A maré foi e voltou, PAÓ...


BRASAS... 
SIMMMMM, eu entrei pisando em brasas, mas terminei me unindo à elas e me virei em chamas e fui fui fui fui me alastrando tablado à fora, feito uma boa e bela labareda que vai sorrateira lambendo e tomando conta de tudo até incendiar tudo de vez – me incendiando junto!
Fui o fogo e toda a sua força, fui força e vivi a performance mais forte da minha carreira, a mais intensa e a mais desafiadora nas primeiras 24 horas dessas 48 que prometiam ser as mais decisivas de toda ela.  
Agarrei pra mim com todas as forças essas 48 horas, como se elas fossem me dar as respostas que eu nunca tive.... e eu recebi....  uma a uma... ao seu tempo...
Antes dos três sinais, uma em uma mensagem no celular – segredo que não pretendo revelar agora... quem sabe... em breve... – e muito antes deles, o estimulo do avesso, digno de Medeia/Joana, a direção perfeita para o caos, TUDO que eu precisava para descobrir do que era capaz e eu fui fui fui....
FUI disposta à me aproveitar desse tudo, de mim e me fiz ressaca: como as ondas que a Joana se entitula na obra, fui presa, me tornei solta e tão forte quanto me imaginavam – nessa me incluo, afinal a incerteza de ser profissional me atormentava, lembram? Eu disse ATORMENTAVA.... fraca...
FUI com a sede de não só me desbravar, como de provocar ressaca – e eu nunca fui tão bem sucedida nas minhas intenções... primeiras.... segundas... terceiras... quartas....
Embora, eu não tenha gostado tanto de como conduzi a abertura, muito menos de ter engasgado no meio de uma fala, ter literalmente cagado minha marcação na cena nova ao ponto de ter dado vida à expressão “andando feito uma barata tonta” – e pra eu me comparar à uma barata é porque realmente.... 
Só não cair porque meu santo é forte, Deus deixou meu anjo de guarda fazendo hora extra, algo do gênero, pois só o outro mundo, a força que a gente sente mas não vê, pra explicar como a gravidade não me fez beijar o tablado daquele palco enquanto eu ia e vinha berrando e ia e vinha berrando com as pernas vacilando e a base quase me abandonando por justa causa.... – de repente, foi isso....
Mas enfim, tiveram também meus quase infartos com as falha-nossa dos meus queridos colegas de cena... – ah os canos raspando as tiras de coco, não é mesmo, Cacetão?... sorry, piada interna do elenco!
Contudo... entretando... todavia... toda a imperfeição e toda loucura, foi ali, logo depois da minha primeira saída de cena, enquanto eu respirava que eu pude sussurrar pra mim aquela que de todas as respostas, era a mais importante: eu nasci pra isso.... se seguindo de sussurrar – não só agora  o efeito colateral daquela primeira resposta, aquela da mensagem no celular.... 
E assim que terminei de interpretar/cantar minha primeira canção dando a deixa pra minha primeira saída de coxia, que se seguia com a volta completa até encontrar na coxia do outro lado, no meu filho loiro emprestado da Joana, a terceira inesperada e mais arrabetadora resposta: um abraço apertado imediato assim que me viu, seguido de um beijo e da admiração escancarada nos olhos, que me encheu de orgulho e ali me vi como se servisse de exemplo e talvez até inspiração pra um menino que quer ser ator e que estava em seu primeiro trabalho – acredito eu.... pois ele veio de longe e começamos a ter contato poucos dias antes da estreia.... ou mesmo que fosse só por achar que eu saí de cena pra não voltar mais e fazer questão de me cumprimentar – o que acho muito mais provável mesmo assim, me tocou tanto e tão fundo...
Enfim, terminei minha noite, cantando, rebolando, batendo forte o tambor e finalmente batendo foto com todo o elenco no camarim – sonho antigooooo...


BY Elizandro Souza

E pensam que acabou aí? Que nada.... 48 horas, lembram?
Me arranjei e vim de cabelo de Joana pra casa, dormi com ele amortecendo meu travesseiro, fui com ele amortecendo assento de transporte público, enfim, partamos pras considerações das próximas 24 horas, as da segunda noite:
Como toda boa discípula de Jack Bauer, além da ação, também sei viver de um bom drama e fiz das ultimas 24 horas mais desafiadoras da minha vida, as mais emocionantes também, porque pra mim essa foi a palavra de ordem: EMOÇÃO. Me peguei pela emoção, me senti mais mulherzinha – comparada à fortaleza de antes...
E eu me conquistei, tanto que me apeguei mais nesse aspecto do que em saber/analisar o tanto que pequei, não ignoro ter caído no palco – fato inédito e que quase não me quebra as pernas, não literalmente, porque virei o pé mas fiquei bem, estou bem; mas por quase ter me feito perder a concentração, mas a sorte foi ter encaixado no contexto que resolvi inventar de improviso na hora: de desmaiar – ou de ter enrolado a língua e travado numa fala, de ter deixado o apoio escapar – não sei nem precisar o quanto, nem se cheguei a usar o mesmo... – , eu juro...
O que acontece é que consegui me envolver, me emocionar, eu chorei – e vocês sabem bem o que isso significa....
Consegui domar os 3 sinais muito melhor que antes, contracenar em cenas que pra mim eram um desafio imenso – de não cair de volta em mim – inclusive atingi um outro nível de movimentação na marcação que tinha executado feito "barata tonta", tive base e me senti inteira e intensa pra tudo.... – como se fosse a última... mesmo já sabendo que não....
E mesmo que tenha falhado tecnicamente, incrível como eu me agradei, agradei à minha expectadora interior – uma fulaninha extremamente exigente, chata e perfeccionista, dona de um senso crítico absurdo – e me satisfiz num grau.... que nem sei como definir em uma palavra!
Comecei FORÇA e terminei EMOÇÃO... fui caos... tragédia... arrepiei e fui de dar medo – como alguém na plateia fez questão de dizer em voz alta, apontando pra mim, literalmente – e isso é o que me marca: Joana se provou ser minha prova maior, minha banca maior, meu sangue, meu suor, minhas lágrimas, minhas dádivas, com ela eu me revirei do avesso desde a raiz do cabelo até a força que não sabia que tinha pra arrancar de mim e as emoções, respostas que não encontrava....


Eu sou grata à todos – meu diretor Carlos Marroco, meu produtor Rafael Fernandes e meus colegas de cena – os responsáveis e culpados por todo o processo, pois me revelaram pra mim em 3 grandes lições, essas que chamam de apresentações.


Making of do Making of

Making of do Making of
Eu queria falar, dizer tudo que sentia, vivia, guardar de algum jeito cada pequeno detalhe, que me transformava em uma mulher, uma Atriz. Assim, eu criei esse espaço... tão meu.... seu.... nosso.... Aqui, eu tenho a minha coxia em forma de livro... um livro aberto de minha autoria — Renata Cavalcante, 28 anos, carioca da gema, prazer.... — narrando os bastidores da minha memória viva desde a preparação de Jeam Pierre até me tornar atriz da Cia. Grito de Teatro de Santa Catarina, numa evolução que vai do querer ser profissional a ser oficialmente reconhecida como tal — o antes e o depois do DRT, aqui pra você!

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